segunda-feira, 7 de março de 2011

A MULHER, a primeira grande vítima do sistema!

Amanhã, 8, celebra-se mais um dia internacional da MULHER. Por muitas razões que haja para comemorar tal evento, nenhuma aponta para o facto referido em título. Ela é vítima, antes mesmo das crianças, mesmo dos jovens que se vêem forçados a emigrar porque sem futuro no seu país. Nas sociedades ditas desenvolvidas, é-o pela discriminação de que ainda é vítima na prática política, económica, social: normalmente, ganha menos que os homens, é preterida àqueles em concursos, ocupa muito menos lugares políticos ou de governo, sofre o síndroma da maternidade, não assumindo as sociedades essa como uma função primordial da Mulher, logo, com todas as regalias inerentes; não: em muitos casos, tal função é-lhe penalizadora no emprego e na remuneração, pois não produz tanto como um homem que não tem de desempenhar tal tarefa. O cúmulo da hipocrisia social!
O problema agrava-se nos países pobres e/ou incultos, ou dominados por sistemas religiosos fortemente machistas. Aqui, a Mulher vê os seus filhos, gerados na dor e na penúria, morrerem-lhe nos braços por falta de alimento ou por doença – e são 25.000 por dia, segundo dados recentes da UNICEF! Ou, então, ultrapassando a difícil idade da meninice, vê-os, cedo, serem armados soldados para se enfileirarem em movimentos de revoltosos, ou ainda emigrarem para países onde haja perspectivas de um futuro melhor, perspectivas tantas vezes goradas e falsas, tantas vezes mortas na própria viagem – feita nas mais precárias condições, tendo, no entanto, pago exorbitâncias aos gulosos passadores – antes de chegarem ao país do sonhado El dorado! E não é um nem dois! Embora a situação tenha vindo a melhorar, (há duas ou três décadas, a média de filhos por mulher era assustadora!) são, às vezes, ainda 5, 6, 7..., como se fosse fêmea parideira, sem dignidade nem amor pelos seus rebentos! (Ver dados no final) Porquê? – Porque o “seu” homem apenas pensa em usar, sem qualquer consideração pelo ser de quem abusa ou por aqueles que das relações quase sempre impostas à mulher, virão a nascer. Acaso pensa, planeia o futuro seu, dela e deles? – Não! Ignorância de como usar o preservativo? Simplesmente não o querer usar? Convicções impostas pela religião ou costumes tribais? Seja o que for, o homem em quase nada é vítima. Nem no sofrimento dos nove meses de gestação, nem no do parto, nem no ver morrer os filhos ou de os ver partir, tantas vezes, para a... morte! Esse sofrimento fica todo, ou quase todo, para a mulher!
Valerá a pena referir que o sistema económico-financeiro que rege o mundo é, no todo ou em grande parte, o culpado desta trágica situação? – Claro que vale! Basta pensar em como tudo seria diferente se o mundo fosse mais solidário e, em vez de os países ricos levarem armas e guerras aos países pobres, lhes levassem cultura e desenvolvimento das mentes antes mesmo do desenvolvimento nas estruturas básicas e sociais.
Mas quem quererá pensar nisso, integrado que está, até ao âmago da alma, neste perverso sistema do qual é autor e do qual usufrui apenas benesses?
Vejam-se, no entanto, estes dados recentes do Demographic and Health Serveys, focando os três países mais problemáticos do mundo (onde, certamente por dificuldade de obtenção de dados, não se incluem países africanos):
Mulheres sem educação
- Paquistão ......51%
- Nepal ..........49%
- Índia ..........42%
Média de filhos por mulher
- Paquistão ......4,1
- Filipinas ......3,5
- Cambodja .......3,4
Mães adolescentes (15/19 anos)
- Bangladesh .....33%
- Filipinas ......26%
- Nepal ..........19%
Mortalidade infantil
- Paquistão ......7,7%
- Cambodja .......6,6%
- Índia ..........5,7%
Só me resta propor a leitura do livro “Um Mundo Liderado por Mulheres”, Esfera do Caos, onde se advoga uma liderança feminina para “dar a volta” ao mundo. Com mulheres sábias, inteligentes e honestas, claro!

7 comentários:

  1. Caro amigo Francisco
    (se me permite o tratamento)

    Como mulher e ser humano, medianamente informado, sei da condição feminina, sei que há muito caminho a percorrer e há retrocessos inconcebíveis, impensáveis...

    Obrigada por toda esta informação e pela sensibilidade claramente lactente nas suas palavras.

    Gostava de visse um vídeo que só hoje publiquei num Blog meu que quase ninguém visita mas que teimo em manter aberto.
    É a minha janela para o Mundo.
    Deixo-lhe o link, just in case...

    fernandascorner- Ná.

    Obrigada pela sua visita e gentis palavras na casa do rau.

    Beijinho

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  2. Francisco,


    Excelente seu texto !
    Aproveito e agradeço o carinho
    da visita e palavras ...


    Bjo e um Dia de Paz.

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  3. Olá, Fernanda, olá Malu!
    Na minha luta por uma sociedade mais justa e mais fraterna, obviamente a Mulher ocupa um lugar cimeiro. Agora, os jovens também "acordaram"... É que vêem-se sem perspectivas de futuro, sobretudo um futuro risonho com que sempre sonharam, muitos deles ou quase todos, demasiado aconhegados pelos paizinhos... Eles terão que deixar de protestar e organizarem-se para, no poder, meterem as mãos na massa e verem quão difícil é governar e fazer reformas: os bem instalados nada de privilégios querem perder. E isto não chega para todos... (Este será o tema do próximo texto)
    É pena que o meu livro "Um Mundo Liderado por Mulheres" não seja mais lido. Advoga uma esperança para o mundo. Absolutamente necessária!

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  4. Maravilhoso texto, tão bem exposto diante da situação agravante em que é colocada a mulher...
    Doravante quão lamentamos por ser um sonho ainda, poder dispor de uma sociedade justa, quando o poder aquisitivo, não reconhece e nem ver a necessidade em grito de um mundo, mergulhado na lama do sacrifício, enquanto eles usufluirem como sangue sugas, do suor da classe menos favorecida...

    Feliz semana

    Livinha

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  5. Amigo Francisco!

    Acabei de ler o seu comment :) Obrigada.
    Concordo plenamente consigo no que concerne a sua resposta aqui ao meu anterior comentário.
    A verdade é que já muito foi escrito sobre o tema, mas na prática são muito poucos os que fazem o que dizem.
    Estamos perante uma pescadinha de rabo na boca.
    Não há determinação ou força de vontade para cumprir o que sabemos todos ser urgente.

    Naturalmente que falar é meio caminho, mas é urgente mudar.

    Não conheço o seu livro, lamento.
    Vou tentar saber mais sobre ele, embora de momento mal tenha tempo para ler o que realmente gosto.
    Espero poder ler mais quando o calor vier e eu estiver mais liberta. Gosto de ler no jardim ...

    Virei ler o seu próximo post, deixou-me curiosa.
    Como não tenho como saber quando o faz, poso demorar mais a chegar cá, mas virei, prometo.

    Beijinho

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  6. Obrigada amigo Francisco, pela sua visita (a única) ao meu cantinho mais reservado da Bologosfera.

    Gostei muito, excepto do "Nanda" :)))
    Desculpe, mas é trauma de infância !!!
    Por favor, chame-me Fernanda ou Ná, como todos os amigos.

    Sabe? nasci no Porto e lá vivi quase toda a minha vida, 40 anos.
    No Porto, as pessoas que falam com o "accent" mais forte, dizem Naaanda :))) Acho que compreende.

    Hoje deixo-lhe o convite de r visitar o minha casa no Rau.

    Beijinho

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  7. Boa Noite Francisco, quero parabenizá-lo pelo excelente e carinhoso texto sobre a Mulher, que o sistema que governa nossos países acorde e com Idéias Novas reconheça o valor feminino no contexto da sociedade. Uma beijoka de boa noite.

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