sábado, 23 de fevereiro de 2013

30 PERGUNTAS – 30 RESPOSTAS (3/5)


QUALIDADE DE VIDA

13 - O que significa qualidade de vida?

R – Embora para muitos signifique “ter muitas coisas, muito dinheiro”, o que é certo é que as muitas coisas e o muito dinheiro não representam forçosamente qualidade de vida. Diria que, pelo contrário, quantas mais coisas se têm, mais preocupações, mais despesas de manutenção e taxas se têm; quanto mais dinheiro, também mais preocupações: procura de fundos de aplicações rentáveis, medos de percas na Bolsa, aquisição de bens, colocação em offshores... Se se investe numa empresa e se se é patrão, podem gozar-se umas férias no Hawai ou nas Caraíbas, passar uma semana no melhor hotel do Dubai (qualidade de vida!), mas, durante todo o ano, arruinou-se a saúde com voltas e mais voltas – voltas que fazem perder o sono, logo a qualidade de vida – para aumentar a produtividade, escoar os produtos a preços ao mesmo tempo rentáveis e competitivos, pagar IRC, seguros e SS dos trabalhadores, etc. etc. No entanto, os patrões – os honestos, claro! (haverá muitos, sobretudo nas PMEs!) – são absolutamente necessários para a criação de emprego e manutenção do crescimento da economia. Mas, de um ponto de vista filosófico, como ideal de qualidade de vida, dever-se-ia pensar no SER e não no TER, satisfeitas que fossem, obviamente, todas as necessidades básicas, sobrando algum dinheiro para a cultura, o prazer da comida e do lazer, viajar por esse mundo, conhecido ou não pela Net, educação dos filhos e/ou netos. Boas ideias, não?!

14 - Os cidadãos têm o dever de intervir mais ativamente na definição do futuro do país?

R – Obviamente! Mas quantos o saberão fazer? E os que poderão dar o seu contributo – tal como nós! – que possibilidades têm de intervir nos poderes instituídos? – Poucas, muito poucas. A partidocracia – diria antes partidotirania! – com as suas clientelas partidárias, normalmente comprometidas com o poder económico-financeiro, próprio ou de amigos, logo facilmente corrompíveis, impede os cidadãos de participarem na construção do futuro do país. Os partidos impõem os seus homens do aparelho – normalmente incompetentes e tendencialmente corrompíveis – e o povo tem de votar nesses incompetentes ou, então, abster-se. E mais vale abster-se do que participar numa pseudodemocracia que é aquela que nos governa e que governa uma grande parte dos países ditos democráticos. Nos outros... Mas esta democracia é uma falácia: temos a liberdade de expressão, mas nada adianta o que dizemos ou denunciamos: a Justiça não funciona, baseada em leis feitas por lobbies de advogados que as fazem confusas e cheias de fugas para que todos os corruptos e ladrões do Estado, nunca “consigam” ser condenados, podendo recorrer de tribunal em tribunal até à prescrição do processo, após anos de gastos de dinheiros públicos! Uma vergonha de país que tal Justiça tem!!! Portanto, para o cidadão participar no futuro do país, há que reformular profundamente a democracia! Por exemplo, mantendo partidos, criar obrigatoriamente ciclos eleitorais uninominais, com vários candidatos independentes, que apresentassem as suas credenciais de competência e honestidade; formar sempre um governo de iniciativa presidencial em que o PM e seus ministros se submetessem à apreciação pública quanto à mesma honestidade e competência. Creio que as democracias no mundo, ainda serão exemplares, um dia! Com homens a governar - como é a situação catastrófica actual, catastrófica a todos os níveis, sobretudo aos níveis político e económico-financeiro - será mais difícil, se não impossível. Mas talvez, se dê oportunidade às mulheres, como defendo no meu livro "Um Mundo Liderado por Mulheres" (Ver Net). Para governar tal Mundo, elerger-se-iam mulheres sábias, inteligentes, dinâmicas e honestas. Assim, teríamos garantidamente uma democracia sã... Enquanto uma reformulação profunda da democracia não for feita, só resta uma alternativa ao povo, para não alimentar esta partidoditadura tendencialmente corrupta que nos governa: NÃO VOTAR!

15 - Depois de anos de crescimento estamos preparados para a perda
de rendimentos e de direitos adquiridos?

R – A pergunta é de louvar. Não diz “...anos a gastar acima das nossas possibilidades”, chavão que muitos usam para imporem uma austeridade irracional que atrofia completamente a economia do país, dado o sistema económico-financeiro vigente: crescimento do PIB baseado no consumo interno e nas exportações. Ora, o crescimento foi sempre anémico ao longo destes anos e sempre nos endividamos mais e a juros mais altos do que o crescimento do PIB, quando qualquer tratado de Economia diz que os juros a pagar não devem ser superiores a tal crescimento; caso contrário nunca se poderá pagar a dívida contraída. Ainda estamos para ver como estes “cérebros” que nos governam irão amortizar a colossal dívida que temos (120% do PIB), quando continua a endividar-se, no pomposo nome de “ida aos mercados”, e com sucesso por haver quem nos empreste dinheiro à taxa de quase 5%, obviamente taxa incomportável para se poder amortizar juros e dívida, pois não há riqueza para tal. “Direitos adquiridos” é uma expressão que sindicatos e trabalhadores usam e dela abusam! Todos sabemos quantos direitos não foram adquiridos sob pressão, em “verões quentes”, sobretudo nas Empresas públicas de transportes onde há “direitos adquiridos” ridículos como receberem um bónus por irem trabalhar e um complemento de reforma quando se reformarem pagos por empresas altamente deficitárias e que custam milhões ao erário público. Por isso, há que separar o trigo do joio! A “perda de rendimentos” será inevitável. Mas, para haver justiça e equidade, precisávamos de um Governo não corrupto (o que não é o caso!) para cortar em tudo o que deveria cortar (PPP, BPNs, CGD, BdP, Refer e Cªs, AR e PR e Gabinetes de Ministros com as suas mordomias escandalosas, desde os numerosos assessores, filhos dos amigos, até às flores e ao caviar nas cantinas por meia dúzia de euros..., a subsidiação escandalosa dos partidos e das eleições, etc., etc.) e não nos bodes expiatórios do costume onde é fácil cortar (funcionários públicos, pensionistas, SNS, rendimentos do trabalho, etc.)

16 - Quais as áreas prioritárias de intervenção do estado social?

R – Pergunto: “O que é o Estado Social”? – Será aquele que sabe distribuir a riqueza e benesses sociais (saúde, educação, subsídios de doença e desemprego, etc.) pelos seus cidadãos, de forma justa e adequada. Mas nada de facilitismos! Transgressores das normas, castigos severos! Muita fiscalização será necessária. (Por exemplo, falcatrua nas baixas por doença, perca de um ou dois salários!) O facilitismo leva o cidadão a desleixar-se: “A necessidade espevita o engenho”!

17 - Conseguiria viver com o ordenado mínimo nacional?

R – Talvez não passasse fome, socorrendo-me dos produtos de marca branca, mas, com qualidade de vida, claro que não! O mesmo se passa com o subsídio de desemprego. Mas um país que não consegue organizar-se nem organizar o seu tecido empresarial, não produzindo riqueza, terá muitos cidadãos que não poderão ganhar mais que esse salário. Logo, a não terem qualidade e vida! Se é que têm emprego!

18 - É necessário reinventar a democracia?

R – Absolutamente! Esta que nos governa não presta! É mesmo asquerosa, dada a partidotirania já acima referida. (Nº 14)