quinta-feira, 2 de maio de 2013

Loucos ou vendidos ao sistema?



Perante as decisões, a nível nacional, a nível europeu e a nível mundial, para resolver os problemas das dívidas soberanas e dos conflitos económico-financeiros e sociais daí resultantes, em países a abraços com aquela crise, decisões tomadas pelos experts em economia de mercado, experts que governam o mundo, havendo, no entanto, outros tantos experts ou mesmo em maior número que defendem medidas absolutamente contrárias, parece não restarem dúvidas de que os experts que governam o mundo decidem de acordo com os modelos que lhes são impostos pelo todo-poderoso sistema financeiro.

Já aqui dissemos – e fácil é comprová-lo – que o sistema financeiro que rege o mundo é tudo menos o que deveria ser. Alimenta-se do dinheiro dos depositantes para construir fortunas pornográficas para os seus accionistas, especulando em fundos de alto risco para aumentar ainda mais os lucros, criando offshores e paraísos fiscais para lavagem de dinheiro e fugirem aos impostos, sempre na mira da ganância e da usura (dinheiro gerando dinheiro sem qualquer outra finalidade nobre ou produtiva!)... e, em situações de crise ou de apuros, socorrem-se dos governos – logo, dos impostos cobrados aos cidadãos – para serem resgatados do iminente colapso.

Também já aqui dissemos que isto só se evitará quando os bancos – de preferência nacionais, mas também os privados desde que obedeçam às mesmas regras – tiverem apenas duas funções: 1 – salvaguardar as poupanças dos depositantes; 2 – investir na economia, seja produtiva, seja de serviços, seja virada para o consumo interno, seja para a exportação.

Assim, a economia estará ao serviço da sociedade e cumprirá a sua missão de fazer os cidadãos felizes, outorgando-lhes emprego pelo qual aqueles poderão sentir-se realizados, constituir família, alimentar essa mesma sociedade.

E também já aqui dissemos que este modelo liberal económico é autosuicida. É que baseia-se no contínuo crescimento das economias. E até agora ainda ninguém descobriu outro meio de fazer crescer o PIB, ou seja, a economia, senão de duas formas: 1 – aumento da procura interna para que as empresas produzam cada vez mais, criando ao mesmo tempo mais postos de trabalho, evitando o flagelo do desemprego 2 – aumento das exportações atingindo os mesmos fins.

Como é fácil de ver – e brada aos céus que nem os experts engagés com os governos nem os outros não alinhados chamem a atenção do mundo para o inevitável suicídio! – o PIB de um país não poderá aumentar ad aeternum, nem tão pouco as exportações, nem tão pouco a produção de bens transaccionáveis e de consumo imediato. Basta olhar para os nossos roupeiros, as nossas cozinhas, as nossas salas, onde não cabem mais camisas, nem pratos ou talheres nem bibelots ou cadeiras.

E o que se passa nas nossas casas já de alguma burguesia, acabará por se passar nas casas de todos os habitantes do Planeta. É uma questão de tempo.

Claro que aqui se põe outro magno problema, problema que tem duas faces: 1 – A realidade actual é que c. 4/5 da população mundial vive no limiar da pobreza, logo a necessitar de ter mais camisas, mais pratos, mais cadeiras, depois de ter colmatado a fome com cereais e legumes, frutas, carnes e lacticínios; 2- a população tem rapidamente de inverter a sua tendência de crescimento para estabilizar nos c. de 7 mil milhões actuais, milhões que até já são demais, pois não se vislumbra que a Terra tenha recursos para alimentar tanto humano, tendo este já se tornado espécie infestante destruidora do habitat de muitas outras espécies vivas à face da Terra e que também têm direito à vida.

Conclusão: se se começasse já – nos povos mais desenvolvidos (europeus, americanos, japoneses, classe média-alta chinesa e indiana) – a adoptar medidas no sentido correcto, a Terra correria menos riscos e menos riscos correriam, obviamente, as sociedades. E a humanidade seria uma humanidade equilibrada. Assim, como está, só se encontram injustiças, escândalos, corrupção por toda a parte.

Dentro do sistema que nos rege e que rege o mundo, quanto à regulação do sistema financeiro, já foi tudo dito: é absolutamente necessária e a nível mundial, acabando com offshores e fundos de risco. Mas parece que ninguém do poder – obviamente engagés com o sistema! – parece estar disposto a exercer eficazmente tal regulação. Uma pena! Uma catástrofe!

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