quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

30 perguntas - 30 respostas (2/5)

CIÊNCIA E TECNOLOGIA


7 – De que forma é que a ciência e a tecnologia podem ajudar o país a sair da crise?

R – Muito dificilmente. Não haverá ciência e tecnologia suficientes que valham a qualquer país do mundo ocidental – logo também a Portugal, e com maior força de razão devido à profunda crise que atravessamos – perante a hegemonia chinesa, indiana e brasileira, não falando já de outros países asiáticos: muita tecnologia (copiada ou não do ocidente), mão de obra barata, poucas regalias sociais. Só numa nova ordem económico-financeira global, onde tudo se harmonizasse à escala global: controle da população, mesmas regras salariais, mesmos benefícios fiscais, mesmos cuidados sociais básicos (educação, saúde, habitação, alimentação), caminhando para um igualitário nível de vida..., só assim se poderia evitar aos ocidentais o “perigo asiático”. Mas, olhando para o mundo, da África à Ásia, à Europa, às Américas, vemos quão longe estamos dessas sociedades! Isto, sem falar nos fundamentalismos religiosos e outros (os dependentes dos lobbies das armas e do tráfico de droga, de seres humanos, etc.) que põem o mundo em contínuo sobressalto. Utopia, portanto! No entanto, há que fazer alguma coisa, adaptando-nos momento a momento às circunstâncias que serão cada vez mais adversas: exportar tecnologia de ponta que possa competir com o melhor do que se faz no mundo. O preço, esse...

8 – Em que áreas Portugal pode apostar para se afirmar como potência científica?

R – Talvez as ciências do Mar. Mas também nas outras áreas do saber em que já demos provas de sermos bons: medicina, astronomia, energia. Mas seremos sempre uma potência científica limitada à nossa pequenez: somos 10 milhões; os chineses, 1300 milhões! Por cada português inteligente, haverá 130 chineses. Não se poderá competir só pela qualidade...

9 – Que alternativas podem existir ao investimento estatal em I&D?

R – Não tenho informação para me pronunciar.

10 – Qual a importância da divulgação da ciência e da tecnologia?

R – Para o equilíbrio e a tomada de decisões, quer a nível individual (desde o saber estar na sociedade ao saber entender-se consigo próprio e com o seu foro íntimo no que se refere a crenças, aguçando o espírito crítico), quer a nível colectivo, a Ciência, ou pensar em termos científicos, é fundamental. É ela que aporta o Conhecimento, sem o qual nada avança, seja em que plano for. Por isso, quanto mais Ciência, mais conhecimento, mais equilíbrio individual e colectivo, melhor tomada de decisões. Divulgar a tecnologia é sempre benéfico porque espevita o espírito de pesquisa, em todas as idades, sobretudo nos mais jovens que se vêem confrontados com um mundo, no qual não encontram grandes perspectivas de vida se não forem competitivos. Ai, a palavra competição! A competição será sempre uma espada de dois gumes: gera progresso e produtividade, mas tira qualidade de vida devido ao stress permanente que acompanha o indivíduo, ao serviço das empresas produtivas.

11 – Como evitar a fuga de cérebros numa economia em crise?

R – Não valendo a pena lamentar tal fuga, o que é certo é que os “cérebros” não têm alternativa senão emigrar par países onde encontrem trabalho correspondente aos conhecimentos e capacidades (Know how / skills) que possuem. Ficarem no país que não lhes oferece ou permite a sua realização pessoal, seria uma frustração permanente, frustração que nem ao país interessa quanto mais aos próprios. Espera-se que voltem um dia, com ideias novas e que, ao menos, enviem remessas monetárias para os bancos nacionais, já que são estes que, procurando o lucro para os seus accionistas, apoiam a economia. Perverso, não?! Quando teremos coragem de mudar o sistema? Para já, é impossível: os que poderiam provocar a mudança são os primeiros a quem a mudança não interessa!

12 – Quais as metas futuras que a tecnologia deve alcançar?

R – Pergunta que me parece de resposta impossível. É que não há metas definidas: a tecnologia avançará continuamente e para caminhos que ninguém poderá prever, a longo prazo. Só nos resta ir acompanhando e admirando-nos com o que se for descobrindo. Enquanto para nós brilhar o sopro da vida...

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