domingo, 13 de fevereiro de 2011

Um plafond de riqueza, porque não?

Antes de abordar o assunto, permitam-me recordar que os textos-base deste blog – Sustentabilidade 1-7 e Modus operandi 1-7 – foram publicados em Julho/Agosto de 2010. A quem só há pouco aqui chegou, sugeria-se uma releitura daqueles textos para melhor se integrar na dinâmica da mudança que se propõe. Posto isto, o assunto de hoje.
Visando uma nova sociedade, com novos modelos económico-financeiros que determinariam, obviamente, novas políticas, preconiza-se um plafond de riqueza para os indivíduos singulares e também para as sociedades empresariais que não quisessem reinvestir os seus ganhos. Mas, sobretudo, para aqueles. Nada justifica, em nome de uma suposta liberdade de enriquecimento, permitir tal coisa a indivíduos dentro de uma sociedade bem organizada: as liberdades têm de ter limites, além de que “A minha liberdade acaba onde a liberdade dos outros começa.”
E, enquanto vigorar o modelo económico-financeiro actual, baseado num liberalismo eocnómico e num capitalismo que, em muitos casos, é selvagem, pois sem controle de qualquer entidade credível, a nível global, ter-se-á de criar essa entidade, entidade supra-nações, aceite por todos os países, para que o controle seja eficiente. Mais uma vez, todos gritarão: “Utopia! Utopia!” É! Será utopia enquanto o Homem quiser! Enquanto as massas pobres e famintas da Terra não se levantarem e, mesmo morrendo em combate – pacífico ou violento?! –, não tolerarem tal estado de coisas, (o exemplo acaba de nos chegar do Egipto!), depondo de seus pedestais todos os senhores da Terra que a controlam, tendo usurpado o Poder e constituído leis que os protegem e protegem esses mesmos poderes. E, infelizmente, com o beneplácito, e mesmo com o voto do mesmo povo. Enganado, está claro! Rendido ao fatalismo que lhe inculcaram na mente, apoiando-se tais senhores nas religiões que pactuam com tais regimes... O maior escândalo é-nos chegado da Índia e do hinduísmo: quem se revoltar contra a sua situação actual, na próxima encarnação será castigado e será ainda pior ou deixará mesmo de pertencer à raça humana, encarnando em bicho ou verme... O cúmulo! E, assim, minhas senhoras e meus senhores, os párias jamais se revoltarão contra a classe dirigente, sacerdotal e guerreira, classes que saíram da cabeça e do braço do Deus-Criador Brama, quando os párias saíram de seus pés, para sempre rastejarem aos pés daqueles...
Ah, quem levara a essas centenas de milhões que assim vivem acorrentados nas suas consciências, a luz da Ciência e do Conhecimento!...

3 comentários:

  1. Olá Francisco,

    Tenho vindo a lê-lo. Vale a pena debruçarmo-nos sobre algumas das suas ideias e pensar seriamente nelas e na melhor forma de lhes dar vida.
    Vou continuar a fazê-lo e, quem sabe, passar o tempo a correr menos e a reagir mais.
    Já sonhei assim e lutei, à minha maneira, por um mundo novo, em que as injustiças e as desigualdades entre pobres e ricos, não fossem tão gritantes.

    No entanto, chega-se a uma fase da vida, em que damos connosco a pensar se vale a pena continuar a lutar, por quem, por vezes, até não nos compreende.

    Gosto do que escreve.
    É uma espécie de “lufada de ar fresco” nos habituais conteúdos dos blogues.
    Obrigada.

    “Pé de Salsa”

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  2. Olá, Caríssima!
    A luta, para quem está convicto das suas ideias, é o que dá sentido à vida. Se não, seremos mais um que passou pela vida, "comeu" e morreu sem nada de bom ter deixado ao mundo. Eu gostaria de não ser esse mais "um"! Embora não creia na eternidade (veja o meu outro blog), nem em recompensas ou castigos eternos, o facto de lutar dá-me o sentido de que a vida só vale a pena se a não passarmos, só usufruindo, sempre olhando para o nosso umbigo, ignorando o que vamos deixar para os vindouros ou o que se passa à nossa volta. O apelo que lhe faço, se mo permite, é que não desista de lutar. Creio que, assim, se sentirá mais feliz porque mais contente consigo mesma.
    Saudações
    Francisco

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  3. Olá Tio!

    Em primeiro lugar, muitos parabéns pelos seus blogues que expressam ideias novas e refrescantes que considero bastante úteis e decisivas para o alcance de uma sociedade igualitária.
    No que toca ao post em concreto, acho que o tio abordou uma questão um pouco dúbia. Por um lado concordo plenamente com o tio, no que toca a estabelecer um plafond quanto riquezas com alicerces inundados em corrupção, na qual se inserem os casos que o tio falou. Outro exemplo a destacar, é o caso do claro exagero salarial dos futebolistas, que excede bastante o salário de , por exemplo, um cientista em busca da cura para o cancro.
    Agora é também preciso, na minha opinião, enaltecer e prestar atenção aos factores esforço e dedicação, porque acho que este plafond não se deveria aplicar a detentores de fortunas que foram alcançadas com muito esforço e suor, como é o caso dos self-made men, que muitas vezes dividem a sua riqueza com os mais carenciados.
    Resumindo, estou plenamente de acordo com o tio no que toca à institucionalização de um plafond, mas só nos casos em que se verifique corrupção ou injustiça, porque quando determinada fortuna é merecida e foi conquistada por um indivíduo através de uma boa conduta moral, então acho que seria injusto retirá-la por mais excessiva que seja.
    O que é que o tio acha?

    Fico bastante contente por ver que o tio deseja mudar a sociedade em que vivemos que precisa claramente de se reerguer apoiada em novos princípios e valores, e acho que o tio tem feito um óptimo trabalho nesse sentido divulgando e difundido as suas sugestões, que têm vindo a ter muitos adeptos!
    Já agora aproveito para lhe dizer que eu e um amigo criámos um blog: http://solucoesdedoisquetentampensar.blogspot.com/ que ainda só tem um post, e no qual nós abordamos e debatemos problemas, apresentando algumas soluções face a problemas que notamos na nossa sociedade.

    Cumprimentos angolanos,

    J. R. Catana

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