quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A idade da reforma, pomo de todas as discórdias

Não há idade ideal para que um trabalhador passe à reforma. Aliás, as reformas apresentam-se, actualmente, nas Sociedades ditas desenvolvidas, com duas facetas mais visíveis: por um lado, há as milionárias para uns, às vezes com poucos anos de actividade, as cumulativas para outros – o que poderá dar “lindas” somas! – e as normais, algumas, no entanto, rondando o miserável, para a maior parte dos que trabalharam toda a vida, recebendo, embora variando de país para país, cerca de 80% do último salário; por outro lado, há, também conforme os países e as actividades, reformas, exceptuando as por invalidez, aos 55, aos 60, aos 65 anos..., pretendendo-se impor, actualmente, em França, os 62, indo já nos 67, na trabalhadora Alemanha.
O argumento para as milionárias e cumulativas são os mais diversos, mas nenhum deles respeitável por atentarem contra a justiça social, e, normalmente, beneficiando os próprios fazedores das leis que as permitem. O grande argumento para o aumento da idade de reforma propalado por economistas e políticos é a longevidade ou o aumento da esperança de vida que já vai, em média, em 82 anos para as mulheres e 75 anos para os homens. Até parece evidente que assim seja! Uma mulher que se reforme aos 60 e morra aos 82, estará dependente da Segurança Social, 22 anos: bem mais de metade do tempo em que trabalhou e fez descontos – c. de 36 anos! É incomportável para qualquer sistema, não há dúvida!
No entanto, a resolução do problema não estará no aumento da idade de reforma, pois, cumulativamente, há outro muito mais premente: o problema dos jovens à procura do primeiro emprego ou a manutenção do posto de trabalho para os que já estão no activo. Assim, preconiza-se uma solução ambivalente e, certamente eficaz: uma diminuição acentuada do montante auferido nas reformas (60% do último salário?), mantendo a idade da reforma nos 60 anos, e a reformulação dos modelos económico-financeiros (ver textos anteriores) visando o pleno emprego de jovens e menos jovens. Depois dos 60, salvo raras excepções, seria mesmo proibido o trabalho remunerado, dada a escassez de empregos. Só voluntariado! E há tanto a fazer pelo país e pela sociedade!...
Conjugando-se aqueles três factores, a solidariedade social – ou Segurança Social – por cuja sustentabilidade tanto se teme, teria longevidade assegurada.

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