O País dos Eles
Este é o título de um texto do caro leitor João Cardoso que, a pedido, reproduzirei a seguir, no comentário. Mas pode servir de mote ao texto deste mês.
Repito que este blog não tem “vocação” para criticar as politiquices que vão acontecendo a todo o momento neste País, “paraíso” à beira-mar plantado. Se fosse isso, haveria assunto não só para um blog, mas para muitos que, aliás, existem por aí. Basta uma olhadela atenta e clicar no termo certo. Já não falando nos inúmeros artigos de opinião que quotidianamente, enfastiosamente enchem os jornais, nem nos “opinion makers” que, na rádio e televisão, opinam sobre tudo e sobre todos, praticamente nada de bom trazendo ao país, pois só falam e dizem mal, nenhumas soluções exequíveis apresentando, todos nós sabendo que meter as mãos na massa é que faz calos nas mãos e na saúde dos que realmente trabalham, e não o muito linguajar... As raras excepções contam-se pelos dedos. (Permitam-me que cite o nome de José Gomes Ferreira, jornalista da SIC.). E é pena! Todos devíamos ajudar o Governo a governar bem, dando sugestões exequíveis, justas e equitativas. Problema é que o Governo se descredibiliza com escândalos atrás de escândalos, neste ou naquele Ministério, e o povo tem dificuldade em aceitar colaborar nos cortes e na austeridade que um país, à beira da bancarrota, forçosamente tem de sofrer. Haja esperança na mudança. Mas, como já defendi em outros lugares e no facebook, não tenho vontade de votar em nenhum dos elementos que os partidos nos impõem para autarcas ou primeiros ministros. Não gosto desta pseudo-democracia. Afinal, eu não tenho escolha: ou voto nos “meninos” que eles me propõem ou não voto. Não há dúvida que a democracia tem de renovar-se, democratizar-se, alterar a lógica partidária, havendo apenas independentes que se proponham a governar a nação – bons gestores da “coisa pública”, é claro. Esses, sim: com provas dadas, teriam o meu voto. Neste momento, somos realmente vítimas de uma partidoditadura...
Antes de dar a palavra a João Cardoso, apenas constatar, mais uma vez, o facto já aqui contundentemente apresentado: é o actual sistema financeiro que tudo corrompe; a nível nacional, a nível global. À finança, não interessa o bem comum ou o cidadão, nem criar empregos para que o Homem se sinta útil e tenha uma vida digna; interessa apenas o lucro e a ganância. Logo, que importa que 9/10 da população mundial passe fome e morra de carências de toda a sorte se EU lucro milhões com isso? E, sinceramente, não vejo como se poderão alterar as coisas se, afinal, o povo pouco ou nada pode contra as ditaduras político-económico-financeiras, a começar pelas democráticas... Nem com uma guerra dos famintos contra os senhores do capital. É que até as guerras são feitas ou promovidas por esses senhores para terem mais... capital!
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
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No País dos “Eles”, na gramática falada, não existem: o Nós, o Tu e o Eu. Só existe o “Eles”.
ResponderEliminarNeste País, o “Eu”, o “Tu” e o “Nós” não têm responsabilidade alguma no que acontece e ocorre e ocorreu política e financeiramente na História do País. É sempre o “Eles” que têm a grande responsabilidade e culpa!
Durante a última Guerra, a falta de açúcar, de café, petróleo e outros géneros alimentícios, os culpados eram “Eles” que faziam a Guerra.
Depois veio a Paz e a seguir a Guerra Fria. A situação, no que diz respeito ao açúcar, café e petróleo, continuou e estavam até racionados. E eram comprados, principalmente pelos pobres, com senhas, uma vez por mês.
De quem era a culpa pela falta de géneros alimentícios e outras coisas mais?
A grande culpa era “Deles”: dos Russos e Americanos que manipulavam a transação dos géneros alimentícios incluindo o Petróleo.
Entra-se na década de 60. A situação Económica piorou: mais de 60% do orçamento do País era empregado na Guerra Colonial, dizendo-se Guerra do Ultramar, por o nome ser mais elegante! Neste caso, o responsável, dizia o Governo que não governava nada, eram Eles, o Sr. Pr. Dr. António e seus capangas Militares, que diziam: “Que a verba do orçamento empregado era para defender aquilo que era “Nosso”. – Nosso?! (Que eu saiba, nunca tive lá nada nem os que lá moravam me fizeram mal algum para que eu lhes fosse fazer guerra e ocupar o que lhes pertencia!)
A situação no País tornou-se insuportável. Impostos e mais Impostos sobre Impostos. De quem era culpa? A culpa não era “Deles” que Governavam o País, mas sim “Deles”, os chamados “terroristas” Africanos.
Enquanto os verdadeiros, “turras” do País andavam lá nas escaramuças em “Terra Nossa”, formou-se na Europa o Mercado Comum Europeu. Que mais tarde viria a chamar-se U.E. - União Europeia. O País dos “Eles” que outrora fora rico como “Um jardim à beira mar plantado” e que andou...“por mares nunca dantes navegados...” chega a 1986 muito pobretana, de boné na mão, a bater à porta da U.E., pedindo Entrada e Esmola. Foi recebido de braços abertos!
Agora sim! O País onde só há “Eles” ia fazer parte de uma grande Comunidade Civilizada, comunidade onde, tanto na teoria como na prática, existem: o Eu, o Tu, o Nós e o Eles, e onde se atribui a responsabilidade aos pronomes: Eu, Tu, Nós, Eles, quando são empregados. Agora sim, meus senhores, a coisa iria em frente e voltaria a ser rico e feliz como dantes o fora, segundo “Eles”.
Então, o País do “Eles” recebe da U.E. subsídios de milhões de euros. Mas a crise Económica e Financeira volta a patinhar na Crise como antes. Apesar das “Moscas” serem novas, continua a ser a mesma açorda (para não usar a “má” palavra) como na década de 50.
Pergunta-se ao actual Governo o porquê de todos estes problemas Económicos e Financeiros que atravessamos. Respondem: “Não fomos Nós, que os criámos, foram “Eles”, os do Governo anterior a Nós. Então, resolvemos ir perguntar a “Eles” Governo anterior. “Então como é que é?!” “Por que é que o País se encontra nesta situação miserável e o Povo cada vez mais aperta o cinto?!” “O que fizeram a tanto dinheiro que receberam da UE?!” A resposta que recebemos, foi a de sempre: “A culpa não é Nossa, não!”, “A culpa é “Deles” que, antes de Nós, puseram o dinheiro nos bolsos e fugiram para o Estrangeiro”. E ficámos de mãos abanar!” “É por isso que estamos assim neste Estado”.
E se perguntarmos lá mais para trás, a resposta é sempre a mesma: “Foram Eles”... “Foram Eles” ... “Foram Eles”...
No País onde só habitam os “Eles”, pode-se perguntar até ao Infinito: “Quem são Eles”? Mas nunca se chega a saber quem “Eles” são!
João Fernando Cardoso
Örebro – Suécia
15 de Julho de 2013