sábado, 23 de março de 2013

30 PERGUNTAS – 30 RESPOSTAS (4/5)




EDUCAÇÃO E EMPREENDEDORISMO

19 - Que áreas do conhecimento e que métodos de aprendizagem estão em falta no nosso sistema educativo?

R – Embora tenha sido professor, agora aposentado já há uma meia dúzia de anos, afastei-me do ensino e não conheço suficientemente os curricula existentes para me pronunciar com seriedade crítica. Objectivamente, uma necessidade imperiosa é a ligação do ensino ao mercado de trabalho, logo, após um básico e um secundário bem feitos, o aluno deverá dispor de cursos universitários direccionados para e em conjugação com as empresas, sobretudo as rentáveis, i.é., as que produzem valor acrescentado, quer para o mercado interno quer externo. De outra forma, é um logro para o estudante, e uma formação inútil para o país.

20 - Qual o perfil de competências do professor do futuro?

R – Sobretudo ser capaz de criar nos alunos a noção da responsabilidade, incutindo-lhes a necessidade de pegarem o seu futuro nas próprias mãos e não estarem à espera que o governo ou os pais lhes sirvam de “muletas de salvação”. O resto virá por acréscimo, tendo sempre em conta a volatilidade do emprego, volatilidade que será cada vez mais forte e mais stressante, dada a rápida evolução da Ciência e do mundo e, ao mesmo tempo, o seu descontrolo no que se refere à justiça entre as gentes na falta de igualdade de oportunidades e de saberes.

21 - Qual a força do empreendedorismo individual no combate à crise económica?

R – Muita e relativa. Muita porque cada um, puxando do seu curriculum e das suas aprendizagens, deve procurar, dentro ou fora de portas, as oportunidades que se lhe oferecem para realizar-se ou realizar o seu ideal de vida. Relativa porque o sistema económico-financeiro que rege o mundo é de tal modo corrupto e descontrolado que impede a realização daquele ideal, como seja constituir uma família após um emprego relativamente estável ou com perspectivas suficientes de estabilidade que permitam tal “feito”. A falta de condições para que haja jovens casais a ter filhos vai arruinar as sociedades, só depois se retrocedendo, retrocesso que não se fará sem sofrimento acrescido e desnecessário caso mudassem as mentalidades e os sistemas económico-financeiros. Mas já vimos que quem poderia mudar tal status quo não está interessado nisso, Por isso...

22 - O que fazer para evitar que a crise potencie o abandono escolar e o trabalho infantil?

R – Há que incutir nos jovens, a nível político, governamental, familiar e escolar, o amor pelo saber e pela valorização do seu curriculum como parte fundamental para se realizar enquanto pessoa, quer no mundo do trabalho, quer no domínio psicológico e sentimental. O slogan terá de ser: “Mais cultura e mais preparação académica = mais facilidade de dominar os boicotes que a sociedade cada vez mais coloca a quem quer começar a sua vida activa.”

23 - O empreendedorismo social pode ser uma via de desenvolvimento?

R – Claro! Entendendo-se por empreendedorismo social a iniciativa de criar empresas seja no campo da produção, seja no da prestação de serviços. Para isso há todo um conjunto de condições que, infelizmente em Portugal, estão longe de se concretizarem: 1 – facilidade de criação da empresa com a diminuição drástica da burocracia 2 – atractividade fiscal 3 – simplificação drástica dos códigos processuais que afectam as empresas (os cidadãos em geral também, o que é uma vergonha nacional, mais uma!!!) pois os que existem revelam uma apetência desenfreada por parte dos advogados que os elaboram pela complexidade, confusão, quer a nível das ideias quer da expressão, utilizando-se terminologia ambígua e confusa que o utente para quem são dirigidos nada entende. (Dizem que é de propósito, para depois poderem ganhar fortunas em consultadorias. E tudo leva a crer que tal seja a verdade! Mas pobre do país que tal gente tem para o “governar”!)

24 - O que falta a Portugal para ser mais empreendedor?

R – Para ser mais competitivo, está respondido no número anterior. Para ser mais empreendedor, é preciso encorajar todos os que têm capacidades quer para o empreendedorismo individual quer para o empreendedorismo social, a lançarem-se na aventura de realizarem os seus sonhos quer individuais quer sociais, inscrevendo o seu nome nos “cadernos dos heróis nacionais”, sentindo-se assim realizados por terem feito algo de bom para melhorar o mundo que os viu nascer, começando, se possível, pelo seu próprio país.