quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

30 PERGUNTAS – 30 RESPOSTAS (1/3)


O programa da SIC “Falar Global” levou a cabo uma iniciativa, colocando 30 perguntas a 30 “especialistas” escolhidos entre os candidatos ao “lugar”. Eis as perguntas e as minhas respostas com... “Ideias-Novas”. Tal tarefa não é fácil em virtude de as perguntas serem formuladas tendo em conta o sistema económico-financeiro vigente actualmente a nível mundial, sendo esse o sistema criticado e proposto para alteração exactamente por “Ideias-Novas”. As respostas deverão ser complementadas pelo leitor, relendo os 14 mini-textos publicados, aqui, em Julho/Agosto de 2010, sob os títulos "Sustentabilidade 1/7" e "Modus operandi 1/7"

EMPREGO E SEGURANÇA SOCIAL

1 - Que soluções devem ser adoptadas para evitar o flagelo do desemprego?

R – Já aqui escrevemos – aliás, repetindo as ideias principais que aparecem no meu livro UM MUNDO LIDERADO POR MULHERES – que: primeiro, toda a gente que quer trabalhar tem direito a ter um emprego/trabalho onde se sinta, quanto possível, realizado; segundo: há várias medidas que se podem/devem tomar, mas que só serão realmente possíveis com uma nova ordem económico-financeira, onde a finança esteja ao serviço da economia e esta ao serviço dos cidadãos, dando a todos tal oportunidade de emprego. Também já vimos aqui que “nova ordem” é essa e como consegui-la. Nas actuais circunstâncias, com os objectivos das empresas a terem apenas lucros, pressionadas pela finança, não há hipótese de pleno emprego. E quanto maior a crise, maior o desemprego. Como se constata! Se o que propomos é uma utopia, por enquanto, o que é possível não é exequível: só o crescimento do PIB permite a criação de emprego e tudo leva a crer que o PIB dos países desenvolvidos não vá aumentar devido à concorrência asiática e ao mercado global. Resta-nos sonhar que a utopia se torne realidade, forçada pelas circunstâncias. Até lá, vai haver muito sofrimento das sociedades, colectiva e individualmente.

2 - Que alternativas existem para evitar a falência anunciada da segurança social?

R – Várias, mas nenhuma eficiente por estar conectada com as contribuições dos empregados e empregadores que sustentam a SS. Ora, aumentando o desemprego... Depende, pois, das soluções para evitar o flagelo do desemprego (Ver questão nº 1). Na actualidade – e para Portugal que está endividado e nem sequer consegue criar riqueza para pagar os juros da dívida quanto mais amortizá-la!... – só há uma alternativa, já que não pode/deve endividar-se mais: baixar os subsídios de aposentação, na proporção do crescimento do desemprego. Obviamente, uma medida perversa! O baixar só as pensões mais elevadas e gradualmente, é uma medida socialmente aceitável e justa, mesmo que os atingidos tenham descontado mais para a SS, na sua vida activa. Mas... é mais um ataque à classe média, o que nada abona em relação ao sistema económico-financeiro vigente. O equilíbrio entre receitas e despesas parece, pois, impossível. Será que a previsível ruptura levará a uma solução radical, a tal utopia que se preconiza no livro UM MUNDO LIDERADO POR MULHERES?

3 - Que novas formas de emprego existirão no futuro?

R – Ouvimos dizer aos professores universitários: “Temos de preparar os nossos alunos para empregos que nem sequer existem hoje”. Certamente, empregos ligados às novas tecnologias e inovações em todos os campos que não param de nos surpreender, dia a dia. A volatilidade do emprego, no futuro, será cada vez maior. A estabilidade quase nula. É, sem dúvida, uma ameaça para a sociedade, pois não haverá condições para constituir família e gerar filhos...

4 - A solidariedade e a entreajuda informal podem ser uma alternativa
aos sistemas de protecção social?

R – Já o são nestes tempos e irão continuar a sê-lo nos próximos anos. Interessante o exemplo que nos chega dos USA, com o movimento de jovens – ignoro o nome! – que organiza grupos de jovens que vão até países onde tudo falta, sobretudo África, e constroem escolas, redes de água potável, etc. Mas, globalmente, o cidadão não deveria estar sujeito a depender da solidariedade; ele deveria ter o seu próprio meio de subsistência, desde que capaz de a assegurar. Compete aos governos dos países criar condições para que tal aconteça. Os países deveriam ser geridos como uma empresa de fins não lucrativos. Com o actual sistema económico-financeiro totalmente desregulado, a nível global, onde a finança tem todo o poder, não é possível aos governos trabalharem nesse sentido, pois também eles estão subjugados ao sistema e dele são reféns.

5 - Que estratégias se podem conceber para incluir novos e velhos no
desenvolvimento do país?

R – Os velhos terão de colaborar, cada vez mais, nesse desenvolvimento. Até porque são eles que mais receitas consomem devido aos cuidados redobrados de que necessitam, a todos os níveis, particularmente da saúde. Estratégias? – Muitas: a) – ajudar, com o seu saber, os mais novos a terem sucesso (possível em muitas situações) e incentivando-os a procurarem soluções e não ficarem à espera que outros lhas apresentem; b) – não lhes roubar o lugar de emprego, reformando-se mais cedo; c) – lutar por uma nova ordem económico-financeira que permita o pleno emprego; d) – economizar o excedente, depois de satisfeitas as necessidades básicas (se houver excedente, claro!); e) – apresentar soluções aos políticos para permitir/acelerar esse desenvolvimento: no caso de Portugal, olhar o mar e os seus recursos, olhar a terra, olhar o Sol; f) – adaptar-se ao mundo real que muda constantemente e não ficar agarrado ao passado, lamentando-se; f) exercer actividades que não podem ser remuneradas, como as referentes à solidariedade social; g) criar movimentos artísticos, musicais e outros, que se apresentem para alegrarem uma sociedade que será cada vez mais triste, porque sem perspectivas de vida estável; etc.

6 - A flexibilização do emprego pode potenciar a motivação, a responsabilidade e a criatividade?

R – É provável que tal aconteça com alguns trabalhadores, sobretudo os que se enquadram nos campos da inovação e tecnológicos. Os jovens têm de estar preparados para tal cenário, que é o cenário para que aponta o futuro. Problema é que também pode potenciar o receio da perca de emprego, o que impedirá o jovem de construir uma vida familiar estável, com todas as consequências negativas que daí advêm para a sociedade. (Ver questão nº 3)

1 comentário: